Blog da Ong Cidade 21

ONG criada em 22 de maio de 2000 na cidade de Campos dos Goytacazes com a missão de construir caminhos para o desenvolvimento da região norte fluminense.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

"O CLAMOR DE UM RIO"

É hoje às 15 horas o Ato pró Paraíba do Sul que manifesta a contrariedade pela construção das duas hidroelétricas. A Ong Cidade 21 entende que há outras fontes de energia que causariam muito menos problema ambiental neste rio já degradado e sangrado.
O texto abaixo é um manifesto encaminhado pelo professor Aristides Sofiatti para ser lido durante o ato.
O CLAMOR DE UM RIO
A bacia do Paraíba do Sul é a mais sudestina de todas, pois banha os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em sua extensão de pouco mais de mil quilômetros, o rio Paraíba do Sul e seus afluentes atendem a mais de 11 milhões de pessoas. Sua importância para a sociedade e para a economia é indiscutível. Sem ele, seria impossível o povoamento de grande extensão territorial. No entanto, nossa cultura inimiga da natureza virou as costas para a bacia, como se ela fosse uma verdadeira latrina. Assim, atualmente, eles enfrentam um bombardeio da nossa sociedade industrial. Entre os mais graves, mencionemos:

1- Desmatamento.
Começou no século XVII, com pioneiros de origem européia e não cessou enquanto não foram arrasadas as matas de sua bacia. Sobraram pequenas manchas que hoje nada representam. Mas ainda é possível promover um programa de restauração e revitalização de matas ciliares.

2- Erosão.
Trata-se do transporte de terras das margens para dentro dos rios da bacia pelas chuvas e pelos ventos, uma vez que, com o desmatamento, o solo fica exposto às intempéries.

3- Turbidez e assoreamento.
Parte da terra arrastada para o rio fica em suspensão, dando um aspecto barrento à água. A isto, chama-se turbidez. Outra parte assenta no fundo e eleva o leito do rio. A este fenômeno, denomina-se assoreamento. Ele concorre para o agravamento das cheias e para a proliferação de algas tóxicas. Para diminuir o impacto de ambos, é preciso combater a erosão e esta deve ser contida com o reflorestamento.

4- Estreitamento do leito.
A agropecuária, a industrialização e a urbanização, ao longo dos rios formadores da bacia, estreitam seus leitos com aterros ou com diques, na tentativa de ganhar terras no leito de cheia do rio. Elevando-se verticalmente, as águas podem romper os diques e alagar áreas de aterro. O correto é devolver aos rios seus leitos de cheia, como as várzeas, por exemplo.

5- Barragens perpendiculares.
Trata-se das represas para “regularização”, transposição e geração de energia elétrica. Existem muitas barragens na bacia do Paraíba do Sul e elas concorrem para a proliferação de algas (eutrofização) nos lagos formados e para a redução da descarga líquida e sólida dos rios. Nenhum curso d’água da bacia suporta mais barragens, como as de Barra do Pomba e Cambuci, projetadas para construção. Além disso, várias barragens devem ser demolidas, pois rio não é lago.

6- Industrialização e urbanização.
Estes fenômenos estão associados na bacia do Paraíba do Sul e provocam, sobretudo, poluição pesada por resíduos tóxicos, metais pesados, esgoto e lixo, tornando suas águas cada vez mais poluídas. É preciso reverter este processo, contendo a industrialização e a urbanização e instalando sistemas antipoluentes.

7- Empobrecimento da biodiversidade.
Todos os fenômenos acima apontados conjugam-se para tornar cada vez mais pobre a biodiversidade da bacia. Várias espécies já desapareceram. Outras estão ameaçadas. É preciso reverter o quadro de degradação e restabelecer a rica biodiversidade da bacia.

8- Extração de areia. Em todos os rios da bacia, existe uma pesada extração de areia que arrasa ilhas e revolve violentamente seu fundo, afetando a flora e fauna. Cumpre estabelecer limites e disciplinar esta atividade.

9- Introdução de espécies exóticas.
Na bacia do Paraíba do Sul, as espécies nativas estão sendo desalojadas e devoradas pelas espécies introduzidas, como o dourado, a tilápia, a carpa, o bagre africano e o camarão da Malásia, entre outros. A fauna característica da bacia escasseia cada vez mais e corre o risco de se tornar residual. Urge um programa de retirada de tais espécies e de repovoamento da bacia com espécies nativas, não sem combater a poluição e outras formas de agressão.

10- Destruição de ecossistemas integrados aos rios da bacia.
Apontam-se, neste caso, as florestas existentes em Unidades de Conservação, a falta de respeito às Áreas de Preservação Permanente, às ilhas, ao estuário do Paraíba do Sul e ao manguezal ali existente. Tais ecossistemas precisam ser protegidos com urgência e permanência.

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